Vejo uma trilha com terra, árvores por todos os lados, sigo cantando e dançando alegremente. A água da chuva cai como confete sobre minha cabeça. A música é ouvida por todos que querem. Estou sendo observada... Uma pequena casa, um sobrado. Na janela alguém que nunca estaria ali. Renato. Ele mesmo! O Russo. Ele sorri. Com dor, mas sorri por ver meu sorriso molhado da chuva. Mas a música alegre pára... “Se a paixão fosse realmente um bálsamo...”. Triste. A paixão dói. Ele não sorri mais. Agora ele chora, ele grita, ele sai na sacada. Nu. Apenas de cueca branca. Branco e branca. O corpo ilumina. Como quem é de luz. Mas perde a força. Agarra-se nas grades da sacada. Chora. Chora sangue. Meu coração ouve seu apelo mudo. A minha alma ouve a dele. “Deixe-me ir...” eu me desespero! Corro até a porta dura de madeira molhada, tento abri-la. Coloco toda minha força nela! Dou socos. A chuva aperta. Forte. Trovões... Raios... Relâmpagos...
Encostada na porta, deslizo por ela sem forças, choro tanto... Dói tanto... “... essa dor... longe do meu lado...”.
Num susto levanto. Vou num desespero até a frente da casa. Ele está caído na sacada, encharcado, de olhos fechados. Silêncio. Está partindo. Eu não o alcanço! Não posso tocá-lo. Jogo-me ao chão, sinto o gosto da terra nos meus cabelos encharcados. Choro... Grito... Dói tanto.
Ele me escuta... a alma...porque o corpo permanece imóvel. Empieda-se por mim, e volta... Um pouco por mim, um pouco por ele mesmo... Entrego-me ao cansaço daquela cena. Sinto meu corpo perdendo a força, como numa transferência de vida. Sono. Ele acorda. Eu adormeço. Não vejo mais nada, porque não consigo abrir os olhos, mas sinto. Acalmo-me. Profundamente, durmo.
Abro os olhos. Susto. Minha cama. 7:30h da manhã. Demoro a dormir outra vez.
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Um comentário:
"De dou carinho, respeito, afago, mas entenda, eu não estou apaixonado"
É tanto brilho mesclado a dor e se foi...
É lindo, denso e triste, diria o Renato, O Al Laje, acho que ainda amigo, mesmo que distante.
Como forma de poesia sei lá... ouvir e cantar a fuga fugaz do interior do ser.
Quem me dera embriagar de Renatos e Damaris, por todas as tardes. Remoendo sonhos e angústia. Trazendo o brilho de volta. Como se paixão fosse realmente o bálsamo.
Texto desconexo. Mas como diria a Érica, a Cilene, como reproduz a Damaris. O mundo não seria tão equivocado.
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