quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Incertezas.

“Dei quase cinco passos e parei,
não podia andar pra trás.
Mas confesso não cabia enxergar tantos sinais.
Alô! Eu sei... Se chega até aqui,
tão iminente não da mais pra desistir.”
(Quinto andar- Tiê)

Quando olho para o lado e não o vejo. Não sabendo ainda muito bem o que procurar. Amor, eu sei que esteve aqui, nos meus sonhos brincando com os meus medos. Amor, eu sei que esteve aqui...

Buscando entre passos chegar até o fim. O fim, sempre o início. O medo invade as lacunas do meu quarto. As paredes se transmutam até o fim. O fim. O vazio toma conta dos espelhos. O medo do futuro. Futuro incerto. Cada dia passado se transformando em borrões de memória nas paredes do meu corpo. Balões. Pequenos pontos coloridos espalhados em meu céu.

Quando olho para o lado e não o vejo. Não sabendo ainda muito bem o que procurar. Amor, eu sei que esteve aqui, nos meus sonhos brincando com os meus sentimentos. Amor, eu sei que esteve aqui...

A bicicleta a rodar por entre ruas. Pequenas ruas curvas. Cenário. Mundo real e tão imaginário. Pequeno mundo construído que se dissolve. Quatro anos... E se dissolve. Desmancha como as nuvens nesse céu tão azul. Confesso ver mil cores em um único por do sol. Confesso... No decorrer dos segundos. E o tempo a gritar. Gemendo friamente em algum canto nas paredes lodosas do passado. A massa cansada se entrega ao tapete no final do dia. Meu corpo espalhado no canto mais estreito desse quarto. Olhos pesados. Não vejo seu rosto na televisão. Não encontro seu sorriso no porta-retrato. Não ouço sua voz ao pé do meu ouvido. Nem mesmo... Se ao menos você sussurrasse... Mas, Amor, eu sei que esteve aqui...

Quando olho para o lado e não o vejo. Não sabendo ainda muito bem o que procurar. Amor, eu sei que esteve aqui, nos meus sonhos brincando com os meus medos. Amor, eu sei que esteve aqui...

Risadas e conversas despropositadas. A falta que fazem ainda não se impôs. Tão vago e próximo. O inevitável se esconde por entre as horas breves. Mas sei. Posso sentir. O peito se apertar ao se partir. Mas chegamos juntos até aqui... Eu sei. Chegamos até aqui.

Quando olho para o lado e não o vejo. Não sabendo ainda muito bem o que procurar. Amor, eu sei que esteve aqui, nos meus sonhos brincando com os meus sentimentos. Amor, eu sei que esteve aqui...

Quando me dei conta era tarde demais. O inevitável se aproveitando do meu descaso. Tarde demais para fingir não notar. Tão óbvio e fora do comum. O destino sorrindo por trás de um par de olhos. Mas confesso não cabia enxergar tantos sinais...

Mas eu ainda olho para o lado e não o vejo. Talvez. Se soubesse o que procura. Mas, Amor, eu sei que esteve aqui... Quando não durmo, eu sei. Amor, eu sei... Mas, Amor, por que eu te chamo assim? Se com certeza você nem pensa em mim. Amor, por que eu te chamo assim? Se com certeza você nem lembra em mim.

Falta demais sei que farão os rostos deles. Atentos. Olhos ansiosos voltados para mim. Em um mundo de poemas e sentidos. O gosto das palavras despontando como sal dos meus olhos. A falta que farão nas noites claras. A falta que farão nos sábados de chuva. A falta, eu sei. Mas se chega até aqui, tão iminente não dá mais pra desistir.

Quando olho para o lado e não o vejo. Não sabendo aimda muito bem o que procurar. Amor, eu sei que esteve aqui, nos meus sonhos brincando com os meus medos. Amor, eu sei que esteve aqui...

O fim sempre um recomeço. Tenho medo do recomeço, Amor. Estarei de mãos vazias. O que antes era tudo. Significa amanhã tão pouco. Amor, eu sei... Se chega até aqui, tão iminente não dá mais pra desistir... Mas... Amor, por que te chamo assim? Se com certeza você nem lembra de mim. Amor, por que te chamo assim...?

Nenhum comentário: